quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

[4] A história de...

...É um fim de tarde, ela acabara de chegar do último adeus, todos estão na sala, filhos, netos, bisnetos e amigos, menos ele! Com um misto de saudade e angústia ela sai sem que ninguém perceba e vai para o quarto deles, lá ela se põe de joelhos e agradece a Deus pelo amor que eles tinham vivido, agradece pela  família que juntos constituíram e que ele sempre enfatizava tanto ao dizer que era a família mais linda, por ter os filhos mais fantásticos do mundo, a esposa/mãe mais bela e carinhosa do planeta e o esposo/pai mais protetor e palhaço do universo. Ela chora um pouco e na sua mente começa a passar um filminho da história deles...

Ele sempre foi meio maluco quando o assunto era surpreender! Desde o início nunca deixou de fazer aquilo que sentia que mexeria com ela, não deixava que medo, vergonha, orgulho ou qualquer outra coisa intimidasse a criatividade ou diminuísse a sua empolgação. Na verdade, ela sempre amou tudo aquilo! A forma única e  especial que ele tinha em ser chato e a facilidade em tratar as pessoas com carinho. O jeito enjoado de conseguir as coisas, a maneira decidida de se impor como homem protetor e pai responsável diante dos momentos que necessitavam de tal atitude. Ela não abria mão de cuidar dele e valorizá-lo! Ela o amava!... amava cada uma das "loucuras amorísticas" que ele se desdobrava em fazer dia após dia, em datas comemorativas ou simplesmente dias escolhidos aleatoriamente para serem especiais... Na verdade, ele sempre a amou, não entendia e nem se preocupava em entender a dimensão desse sentimento, só se importava em demonstrar a felicidade que tinha em reconquistar e surpreendê-la  todos os dias.

É... realmente ele tinha cumprido com maestria o que tinha prometido anos atrás. É... realmente ela tinha a sensação de que ele iria fazer muita falta nas viagens de férias, na cabeceira da mesa nos almoços dominicais, nos dias de tristeza quando com uma simples brincadeira ele conseguia mudar qualquer clima! Ela sabia que um pedaço seu tinha sido arrancado e que seria difícil ficar sem o seu "palhaço preferido" nos poucos dias que ainda restavam de sua vida. Porém, naquele dia ao olhar o "esconderijo" que compartilharam tantos segredos, angústias, tristezas, alegrias, noites quentes e risos... muitos risos! Naquele dia ao ver filhos, netos e amigos reunidos na sala, relembrando as palhaçadas, as histórias e o jeito todo carinhoso dele... ela teve a sublime sensação de realização e a saborosa certeza de ter amado alguém muito especial e de ter sido amada como alguém especial!

"...e esse foi o último dia, dos milhares, da maravilhosa vida deles..."

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